(Isaías 29.9-16)
“Alguém
já disse e é verdade: As aparências muitas vezes enganam. O joio, por exemplo,
se parece com o trigo”.
Rev.
Mauro Sergio Aiello
Hoje
os evangélicos somam 35 milhões no Brasil. Pelo menos é o que dizem as
estatísticas dos órgãos oficiais de pesquisa. Fala-se muito por aí, em
“avivamento” espiritual, e os que afirmam isto mostram que os “crentes” estão,
a cada dia que passa, ocupando um espaço maior na mídia, quer seja televisiva,
radiofônica, escrita, etc. Entretanto, você, meu caro leitor, crê nisto? Você também pensa que a Igreja Evangélica
está crescendo numericamente?
Quero
usar deste espaço para contestar estas pesquisas e estes números. Eu,
particularmente, não creio que os evangélicos sejam tão numerosos, porque não
creio que muitas Igrejas que se dizem evangélicas, na realidade sejam mesmo
evangélicas. É verdade que elas usam a
Bíblia, é verdade que falam usando uma linguagem evangélica, que possuem
elementos litúrgicos congruentes aos evangélicos. Mas não podemos nos esquecer
que o joio é confundido com o trigo exatamente por se parecer com este. Talvez
o prezado leitor esteja achando muita ousadia ao julgar este ou aquele grupo.
Mas não se esqueça de que Jesus disse: “....pelos frutos os conhecereis”. Vejamos então alguns frutos que estes
pseudo-evangélicos produzem e julguem vocês mesmos:
1º A PRAXIS LITÚRGICA DESTES GRUPOS ESTÁ
IMPREGNADA DE MISTICISMO, FETICHISMO E SUPERSTIÇÕES.
A
rosa vermelha que atrai maus olhados e coisas ruins que há na casa; o óleo
ungido; a balinha ungida; a água do Rio Jordão; a campanha da prosperidade; a
noite do Espírito Santo; a travessia do Mar Vermelho; o exagerado apelo à cura física como se a
Igreja fosse um pronto-socorro; o apelo
repetitivo sobre ofertas e dízimos; músicas seculares misturadas com cânticos
sacros; o copo de água sobre a televisão, o rádio; rodear a muralha de Jericó por sete dias; a
semana disto; a semana daquilo; o dia disso, o dia daquilo, a fitinha amarrada
no pulso;a fogueira santa de Israel; e mais um bocado de crendices.
Nós
os cristãos afirmamos não sermos supersticiosos. Passar por debaixo de uma
escada, cruzar com um gato preto, sexta-feira treze, cruzar os dedos, ramos de
arruda atrás da orelha, a ideia espírita do encosto e outras crendices
populares nada tem a ver conosco, mas
o que dizer dessas práticas citadas em algumas Igrejas “evangélicas”?.
Amados
irmãos, isto é uma mistura do catolicismo
(com suas superstições tipo água benta, benzimentos,
etc...), espiritismo (a rosa que
atrai as coisas ruins) e protestantismo
(com cânticos e outras atividades). É
uma verdadeira salada de frutas; tudo para agradar a gregos e troianos. Como se
isto fosse possível.
Eu pergunto:
Há respaldo bíblico para estas práticas litúrgicas? A resposta é um peremptório e inequívoco NÃO.
Estas
coisas não passam de estratégias de marketing para atrair o incauto que está
vivendo um momento de desespero e confusão. A intenção é fazer a coleta das
ofertas e “dízimos” para a manutenção do grande império e dos imperadores.
Alguém
certa vez me disse que viu muita seriedade em uma destas Igrejas, que o seu
líder exigia que os liderados fossem sérios, que os “obreiros” fizessem de tudo
para ajudar os necessitados, que o desejo deles era ajudar o desesperado, que
estas coisas eram apenas meios para atrair as pessoas à Igreja.
Mas eu pergunto:
Seria este o recurso usado por Cristo para atrair seus discípulos? A resposta é
um peremptório e inequívoco NÃO.
Veja-se,
por exemplo, o episódio do homem rico que procurou Jesus com um anseio em seu
coração: obter a vida eterna. Você que
conhece o texto (Mc 10.17-22), sabe que aquele homem era zeloso em sua
religiosidade. Entretanto, Jesus conhece o coração. Ele vê o exterior, mas vê
também o interior das pessoas e ele sabia que o coração daquele homem estava
não nas coisas espirituais, mas sim em seus bens materiais. “Vai,
vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; então vem, e
segue-me”. Se este homem
procurasse uma Igreja destas que temos citado, certamente com toda sua
religiosidade e “riqueza” seria aceito sem o menor escrúpulo.
É
mesmo como diz Isaías: O Senhor disse: Visto que este povo se
aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu
coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos
de homens, que maquinalmente aprendeu,.. Isaías 29:13. Se aconteceu com o povo de Deus no passado,
isto é perfeitamente possível que aconteça novamente.
Mas há algo mais a ser dito a respeito
destes “evangélicos”:
2º ELES OFERECEM
UM “EVANGELHO” QUE NÃO CONFRONTA O PECADOR COM SUA PECAMINOSIDADE.
Se
você sente fortes dores de cabeça; tem insônia; falta de apetite; desmaios; se
sua vida financeira vai de mal a pior; se sua vida conjugal está naufragando;
se sua saúde está seriamente comprometida... então faça a corrente da prosperidade, e sua vida vai mudar. Você terá
saúde, dinheiro, paz, alegria, sucesso e muito, muito mais”.
Esta
tem sido a propaganda que atrai (e não podia ser diferente) muita gente. Principalmente em um país enfermo
espiritualmente, como o nosso, onde todo tipo de patologia é possível. Esta propaganda atrai muita gente em um país
onde as pessoas são desinformadas, de nível social considerado de terceiro mundo.
Quem não quer ouvir um discurso otimista, positivista como este. Paulo
advertiu-nos a esse respeito quando escreveu a Timóteo o seguinte: “Pois
haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão
de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos
ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.” (2 Timóteo
4:3-4).
Estes
grupos oferecem uma conversão psicológica e não o arrependimento genuíno que
somente Deus pode produzir no coração humano. Oferecem uma conversão
psicológica porque não levam as pessoas a se conscientizarem de seu terrível
estado de pecaminosidade; indicam Jesus como um psicólogo, um médico, um
gerente de Banco, etc... Não mostram Jesus como aquele que veio para pagar a
dívida que homem algum poderia jamais pagar.
O
verdadeiro evangelho nos coloca, em primeiro lugar, diante de nossa real
situação de pecadores contumazes, inimigos de Deus (Tiago 4.4) e totalmente
depravados. O evangelho verdadeiro faz com que tenhamos consciência plena de
nossa mais grave e pior patologia: o
pecado. O evangelho verdadeiro nos leva, em primeiro lugar, ao desespero,
ao constatarmos o que somos, e nos levará a questionar como questionaram os
ouvintes de Pedro (Atos 2. 37): “Que faremos irmãos?”.
Gosto
demais da música composta pelo Paulão do Logos na qual ele diz:
Eu sinto um
verdadeiro espanto em meu coração.
Em
constatar que o evangelho já mudou.
Quem ontem
era servo agora acha-se senhor.
E diz a
Deus como ele tem que ser
Mas o verdadeiro
evangelho exalta Deus.
Ele é tão
claro quanto a água que eu bebi.
E não se
negocia sua essência e poder.
Se
camuflado a excelência perderá
CÔRO
O
evangelho é que desvenda os nossos olhos
E
desamarra todo nó que já se fez
Porém
ninguém será liberto sem que clame.
Arrependido
aos pés de Cristo o Rei dos Reis.
O evangelho
mostra o homem morto em seu pecar
Sem
condições de levantar-se por si só.
A menos que
Jesus que é justo o arranque de onde está
E o
justifique e o apresente ao Pai
Mostra
ainda a justiça de um Deus
Que é bem
maior que qualquer força ou ficção.
Que não
seria injusto se me deixasse perecer.
Mas
soberano em graça me escolheu
E é por
isso que eu não posso me esquecer
Sendo seu
servo não lhe digo o que fazer
Determinando
ou marcando hora para acontecer
O que sua
vontade mostrará
Na
verdade o que acontece com aqueles que aderem a estes grupos é aprofundarem-se
em uma religião que ao invés de aproximá-los mais de Deus, na realidade os
distancia. E como se aprofundam!!!!! Muitas mulheres abandonam até as
responsabilidades de esposa e mãe. FANATIZAM-SE.
Muita religiosidade, mas pouco de Deus.
Queremos
nos referir novamente ao episódio no qual aquele jovem rico, de boa condição
social, religioso, correu até Jesus e ajoelhando o inquiriu sobre o que devia
fazer para herdar a vida eterna. O que Jesus fez foi mostrar ao referido jovem
que Deus deve ocupar o primeiro lugar na vida de todo aquele que quer ser seu
discípulo. E para que isto aconteça é preciso que sejamos confrontados com
nossa pecaminosidade, que nos faz cheios de justiça própria, que nos faz
confiar em nossas obras e desprezar a graça de Deus revelada na pessoa de Jesus
Cristo. Sem renúncia e submissão não
podemos ser discípulos de Cristo.
Como
é terrível esse tipo de religião que produz um modelo tão pueril de
religiosidade; aliviados psicologicamente, mas perdidos eternamente. Com
prosperidade aqui, mas sem o tesouro do céu.
Cheios de religião, mas vazios do Deus santo e reto. Pulam, saltam,
cantam... assim como os profetas de Baal. Mas o certo mesmo é que o fogo que
cai do céu vai alcançar o coração daquele que, à semelhança do publicano orou
assim: “Sê propício a mim pecador”. Este saiu justificado, o outro (fariseu) saiu
condenado apesar de “tanto fervor”.
Estes
grupos apresentam mais uma característica peculiar que já apontamos de leve:
3. FANATISMO E
CULTO À PERSONALIDADE
( ANTROPOCENTRISMO)
Nestas Igrejas há casos de mulheres que
abandonam o lar (esposo, filhos, responsabilidades) para atuarem quase que
quatorze horas como “obreiras”, como já afirmamos. Fui procurado por um marido
desesperado porque sua esposa já não ligava mais para ele, para seus filhos,
para o lar, mas só para a Igreja.
É verdade que Jesus afirmou que todo
aquele que não estiver disposto a “abandonar tudo” não é digno do Seu Reino.
Entretanto, é preciso que interpretemos o que Jesus quis dizer pelo advérbio
“tudo”. Vejamos:
a) Por “tudo” Jesus se referia a todas as coisas que
poderiam e podem impedir efetivamente o crescimento espiritual do cristão.
Toda
e qualquer coisa que potencialmente é pecado, é mundana, deve ser abandonada,
deixada de lado. Se isto não acontecer, o projeto de crescimento espiritual
aborta, necrosa, morre. Somente o cristão que verdadeiramente recebeu o dom do
genuíno arrependimento, tem forças para abandonar
tudo o que é pecado, potencialmente falando, e seguir Jesus. Pelo que sabemos, a família não é pecado
potencial; tampouco o trabalho. Mas abandonar as responsabilidades de mãe,
esposa, pai e esposo; isto sim é pecado.
b) Por “tudo”
Jesus se referia a qualquer coisa que poderia ficar entre Ele e o homem.
Jesus
não disse que deveríamos abandonar a família, o emprego, nossas amizades. O que
Ele quer é que priorizemos o Reino de Deus e sua Justiça e os coloquemos em primeiro
lugar. Se sua família, ou qualquer outra coisa estiver em primeiro lugar, você
deve “abandonar” (colocá-la em outra posição) e colocar Jesus em primeiro
lugar. Numa ordem lógica as prioridades ficam assim: Jesus (Deus), a família, a Igreja, etc....
Nestas Igrejas “evangélicas” acontece o
exagero, o fanatismo que representa entrave na compreensão, no raciocínio
lógico, no exercício do bom senso. Jesus condenou o fanatismo dos fariseus e
certamente não aprova esta manifestação exagerada de religiosidade que não pode
aproximar o homem de Deus, porque prioriza a forma e não o conteúdo.
Mas há uma outra deformidade que o fanatismo produz. O fanatismo leva os adeptos a cultuar a personalidade. Veja como veneram os seus líderes; veja como,
apesar de tantas provas de charlatanice, eles não conseguem ter uma visão real
dos fatos. Você sabe muito bem o que aconteceu com aqueles que seguiram Tim
Jones para as Guianas. Lembram-se dos seguidores de David Corage em Waco,
Texas. Para estes fanáticos, o que o líder
falou, está falado e pronto. Você já
percebeu que os “pastores” destas denominadas igrejas “evangélicas” imitam os guinados,
os trejeitos do líder? Falam igualzinho; gesticulam igualzinho ao “grande
chefe”.
Por estas e outras tantas razões, particularmente
somos da opinião que estas ditas igrejas evangélicas não passam de comércio no
qual a Palavra de Deus é mercadejada para benefício e enriquecimento de seus
líderes.
“Muitos
naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! porventura não temos nós profetizado
em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos
muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci.
Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”. Mateus 7.22-23
É bom que estejamos atentos a estes
falsos profetas. Jesus nos adverte quanto ao surgimento deles em seu Sermão
Profético Escatológico:
“E
ele lhes respondeu: Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu
nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos. E, certamente, ouvireis
falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é
necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação
contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários
lugares; porém tudo isto é o princípio das dores. Então, sereis atribulados, e
vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome. Nesse
tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros;
levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se
multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que
perseverar até o fim, esse será salvo. E será pregado este evangelho do reino
por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim”. (Mateus
24:4-14)
“....porque surgirão falsos cristos e falsos
profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os
próprios eleitos.” (Mateus 24:24)
Devemos estar alertas conferindo os
frutos destes que se apresentam como ovelhas, pois é possível que por dentro
sejam lobos roubadores.
Que Deus nos ilumine a todos de tal forma
que evitemos cair nas garras destes espoliadores, mercenários e mercadores da
Palavra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário